“… a mulher que teme ao SENHOR, essa será louvada.”

Provérbios 31.30

O livro de Rute sempre me chamou muita atenção. Em diversos momentos na minha caminha cristã tenho recorrido a ele e sido abençoada por Deus com ensinamentos exatamente para o momento que estou vivendo. A cada dia mais aprendo, pela misericórdia do Pai, que a Bíblia deve ser o livro número um da minha vida! As palavras inspiradas das Escrituras realmente são aptas “para o ensino, para a repreensão, para correção, para a educação na justiça a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” [2 Tm. 3. 16]. Vejo em Rute um quadro da mulher que desejo ser, ela demostrou ser responsável, submissa, trabalhadora, atenta aos conselhos sábios, serva, e mais ainda, confiou plenamente no Criador do céu e da terra, entregando a Ele sua vida. Ao contrário de Orfa – a outra nora de Noemi, que após o relado triste e amargo dessa em relação ao futuro de incertezas que a esperava, retornou para seu povo e seus deuses a procura de sua felicidade, deixando assim o relado bíblico – Rute, a moabita, permanece fielmente ao lado de sua sogra e aos pés do Deus de Israel, vindo a ser participante nos antepassados de Cristo [Mt. 1. 1-6].

Noemi e Rute: Uma situação, dois comportamentos…

Noemi esteve em um momento em que não olhou para mais nada além do que as suas adversidades e problemas, por qual havia passado e estava passando. Ela só conseguia enxergar toda amargura (“não me chameis Noemi, “minha alegria” ou “amável”; chamai-me Mara, “amarga”. Rt. 1.20). Realmente ela estava num momento de muito estresse, havia passado por um período de dificuldades causado pelo fome em Belém, ido habitar em uma terra estrangeira com o marido e dois filhos, tendo que reconstruir novamente a vida [Rt. 1.1], e, após isso, perde o marido e depois os dois filhos. Rute também perde seu marido, e não tinha filhos, porém ela não se tornou amarga, em meio a todo o sofrimento que estava envolvida voltou toda sua vida para o Deus de Noemi e assume a responsabilidade de cuidado e sustendo de sua sogra idosa [Rt. 1.16-17]. O medo e a ansiedade envolvido naquela situação de grande dificuldade não paralisou esta jovem. Todavia, isso aconteceu, não por ela mesma, mas porque ela buscou refúgio nas asas do Altíssimo [Rt. 2.12]. Rute vê a mão providencial Daquele que rege a História e que usa pessoas simples e acontecimentos cotidianos para Sua glória e propósitos eternos, ela tomou a atitude de cuidar daquilo que Deus tinha dado a ela: sua família, que neste momento se reduzia a sua sogra. E mesmo diante de toda aquele quadro, ficou firme, como se visse Aquele que é invisível [Hb. 7.27].

Em meio a momentos de muito estresse, perdas e dificuldades, nós mulheres temos dificuldades de lutar contra nossas emoções, facilmente podemos ficar amarguradas e negligenciarmos algo. Todas nós passamos por tempos onde as “perguntas sem respostas”[i] são mais abundantes do que gostarias e as incertezas em relação a nosso presente e futuro parece montes intransponíveis. Talvez seja em relação à perda de um ente querido ou uma enfermidade deste, ou em relação à moradia, ou aos estudos, ou ao trabalho, ou cuidado com filhos, desemprego do marido, ou ainda preocupação em relação a ter um marido e se casar com uma pessoa que irá amá-la nos moldes de Cristo… muitas podem ser as perguntas sem respostas para nós mulheres, sejamos nós solteiras, casadas ou viúvas – como nossas duas amigas Noemi e Rute. Mas uma coisa é comum para todas nós, só há um caminho para superarmos nossos medos e ansiedades em relação às tragédias do presente e as incertezas do futuro: Jesus Cristo. Ele é o repouso e único refúgio verdadeiro em meio às agitadas (e às vezes constantes) ondas do mar da vida.  Presente dado a todas nós pelo Deus Pai.

 

O livro de Rute ainda me fala uma coisa – algo que tenho que lembrar sempre – que não importa quão difícil ou sofrida tenha sido ou venha sendo a vida, Deus é bondoso, e ele pode dar um destino diferente para nós. De fato Ele já nos deu um destino diferente do que estávamos condenadas, fez isso na Cruz! E é justamente para esse destino que estamos caminhando, mesmo que, às vezes, em meio às lágrimas. Portanto, enquanto estamos nesta corrida para o alvo que sejamos como Rute buscando servir ao próximo e amar a Deus com toda nossa força, mente e entendimento. Ela não ficou paralisada pelo medo e incertezas do futuro que lhe esperava em Belém, buscou sustento para si e sua sogra [Rt. 2.2], foi diligente e por sua diligencia foi louvada por Boaz, assim como a Mulher Virtuosa de Provérbios 31 [ver Rt. 2.11; 3.10; Pv. 31. 28,29]. Talvez eu e você não tenhamos que cuidar de uma sogra idosa, mas será que a amargura não nos tem feito negligenciar as coisas que Deus tem colocado em nossas mãos no presente momento? Que pode ser o cuidado com marido, filhos, casa, estudos, trabalho, saúde, ou ainda, responder uma mensagem, mandar um e-mail importante, ouvir um amigo, visitar um parente, um telefonema… ou _______________ (preencha o espaço em branco).

 

Muitas são as aflições do justo, e muitas são as adversidades que enfrentaremos durante cada fase de nossa vida. Mas, uma coisa é mais do que real, Deus nos tem presenteado com Seu Filho. Podemos fazer um paralelo com Noemi, ela perdeu muitas coisas, mas ganhou uma nora que lhe foi “melhor do que sete filhos” [Rt. 4.15] e ainda um neto que seria avô de um rei de Israel e ancestral do Messias. Na amargura de Noemi, Deus proveu um futuro de paz para Israel e toda a Humanidade. Então… que não venhamos ‘a duvidar, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, fortalecemo-nos, dando glória a Deus’ [Rm. 4.20].   “Se por acaso desgostos vierem trazer-te temor, nunca te esqueças de Cristo, que é teu maior Protetor. Deixa, pois, tua tristeza, toda incerteza e temor; paz e prazer tu em breve receberás do Senhor.” Não Consistas – Cantor Cristão   [i]  “perguntas sem respostas” conceito presente no livro de Elisabeth Elliot: “Passion and Purity”.

Sobre o autor

Tatiane Figueredo

Tatiane Figueredo

Estudante

Voluntária no Ministério Vida Relevante, estudante de Antropologia na UFF e membro da Primeira Igreja Batista em Niterói, Rio de Janeiro.