Perspectivas Teológicas sobre o sofrimento
“Pare de Sofrer!” é o chamariz de uma das igrejas que mais crescem no Brasil e no mundo hoje. Como o sofrimento pode acabar? Indo em uma das diversas campanhas diárias deste segmento religioso. A causa do mesmo ora é a falta de fé, ora é o Coisa ruim. Partícipes ou não da perspectiva proposta por este grupo, é interessante notar que ela não deixa de ser uma tentativa de resposta ao problema do sofrimento. Se esta resposta é considerada inadequada por muitos – e assim o é – que outras produções teriam sido efetuadas para responder à questão?
Harold Kushner tenta responder em sua obra: Quando coisas ruins acontecem às pessoas boas. Após o rabino receber a notícia de que seu filho tem uma doença incurável, apesar das orações e esforços, o menino morre. A partir de então, o escritor concluiu que não deve haver uma “ideia meritória”, de que Deus dá o sofrimento porque a pessoa merece. Também não deve ser aceita a ideia de que o sofrimento é uma contribuição para uma grande obra projetada por Deus. Sua proposta? Há algumas coisas que ocorrem ao acaso e fogem ao controle de Deus. Estaria Kushner correto?
O teólogo Jürgen Moltmann viu de perto as marcas do sofrimento. A experiência vívida e indelével da 2a Guerra Mundial o impeliu a concluir que Deus se importa com o sofrimento, e isto ficou muito claro na paixão de Cristo. A paixão histórica de Cristo revela a paixão eterna de Deus. O autor da Teologia da Esperança responde ao sofrimento afirmando: Deus sabe o que é sofrer e se importa com o sofrimento porque Ele mesmo sofreu, em esferas diferentes, na Paixão de Cristo.
Para John Piper todo sofrimento no caminho do cristão é “com Cristo” e “por Cristo”. Através do sofrimento as aflições de Cristo são estendidas àqueles que não O conhecem. Segundo Piper “Nossos sofrimentos tornam conhecidos os sofrimentos de Cristo para que as pessoas possam ver o tipo de amor que Cristo oferece”. O cristão não escolhe o sofrimento porque é mandado, mas porque Aquele que manda o apresenta como caminho para a alegria eterna. Sua resposta ao sofrimento: Mesmo em meio ao sofrimento, regozije-se, alegre-se na esperança.
O sofrimento é consequência da entrada do pecado na raça humana e, fruto do uso indevido do livre-arbítrio. De forma específica, o sofrimento pode ter diversas causas (pecado, permissão Divina, ação de Deus para crescimento, etc.) e apenas Deus poderá, precisamente, esclarecer o Seu propósito. Ninguém está isento ao sofrimento, porém, tendo um Deus que se importa e sofre com o que padece, se regozijando na esperança, e agindo em prol do que sofre, poderá ocorrer a amenização do sofrimento. Kushner não está certo. Nada foge ao controle de Deus e a esperança da glória moverá a todo aquele que nEle crê a não se entregar, mas, olhando para Jesus, vencer.
Sobre o autor
Pr. Henrique Araujo
Deão do Seminário Teológico Betel
Pastor Henrique Araujo casado com Sarah Araujo, é Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Betel, Mestre em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, Mestre em Ministérios Globais pelo Seminário Teológico Betel, Bacharel e Licenciado em Letras: Português-Grego pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, PhD em Teologia pelo Trinity Theological Seminary and College of the Bible. É professor da graduação e pós-graduação, e Deão do Seminário Teológico Betel, e do Centro de Formação Teológica Metodista.